O recurso humano é a principal ferramenta no funcionamento e no crescimento de uma empresa, seja qual for sua escala. Em outras palavras, o trabalho é realizado por seres humanos e sabemos que o ser humano é repleto de complexidade, funciona sob diversos aspectos, isto é, o aspecto fisiológico, psicológico e o social, enfim, os quais incluem diversas questões.
O aspecto fisiológico, por exemplo, inclui a questão da saúde, do bem-estar, da necessidade de atividade física, da necessidade de alimentação, de excreção, etc. Já o aspecto psicológico inclui o fator emocional, o bem-estar e a saúde mental, o fator cognitivo que diz respeito à atenção, memória, raciocínio, inteligência, etc. E por fim, o aspecto social, que inclui a questão laboral, a financeira, os relacionamentos interpessoais (família, amigos, colegas), escolaridade, moradia, entre outros.
É importante apontar que todos os aspectos são integrados, de forma que cada aspecto pode afetar e ser afetado pelo outro, por exemplo: o fator fisiológico pode afetar e ser afetado pelo psicológico e pelo social. Dessa forma, podemos afirmar que o ser humano é um ser biopsicossocial.
O termo psicossocial, por sua vez, consiste na relação que há entre os aspectos psicológicos e sociais, por exemplo, como o trabalho afeta a saúde mental ou ao contrário, como o estado mental do indivíduo pode afetar a forma como trabalha, isso se refere aos riscos psicossociais.
Este conceito está previsto na norma regulamentadora nº 20 (NR-20) do Ministério do Trabalho, que define os riscos psicossociais como a “Influência na saúde mental dos trabalhadores, provocada pelas tensões da vida diária, pressão do trabalho e outros fatores adversos”.
Diferentemente dos riscos físicos, que são mais perceptíveis e identificáveis, os riscos psicossociais muitas vezes podem passar despercebidos, ignorados e por isso, negligenciados.
Portanto, para identificá-los é preciso prestar atenção nas seguintes manifestações:
Os fatores desencadeantes dos riscos psicossociais são classificados em três grupos, a saber: fatores ligados à tarefa, fatores ligados à organização do tempo de trabalho e fatores ligados à estrutura da organização.
Os riscos psicossociais interferem na qualidade de vida do trabalhador e isto, pode refletir na forma como o indivíduo se relaciona com os familiares, podendo afetar a qualidade do casamento, da parentalidade, das amizades, da economia pessoal, bem como influencia a forma como lida consigo mesmo, pois afeta a autoestima, a autoconfiança, a motivação, mudança de comportamento, desenvolvimento de transtornos psicológicos, déficits cognitivos, etc.
Além disso, podem ser desencadeadas outras consequências no próprio ambiente de trabalho, inclusive o aumento dos riscos de acidente de trabalho, a insatisfação no trabalho, estresse, desenvolvimento de doenças fisiológicas, desligamento, queda no desempenho e na produtividade.
De acordo com a NR-20, que dá a definição de riscos psicossociais, mencionada anteriormente, este termo é em sua essência relacionado ao âmbito do trabalho, seja pelo aspecto sociodemográfico dos trabalhadores, como a função exercida ou as características do trabalho em si e ainda, as formas de relações no ambiente organizacional. Desta forma, é possível refletir como o trabalho é afetado com tais riscos.
O trabalho é afetado tanto no que tange o trabalhador enquanto ser humano, bem como é afetado na sua propriedade, isto é, quando há presença de riscos psicossociais, a produção e o serviço apresentam uma queda tanto qualitativa quanto quantitativa, e por fim, o trabalho é afetado também no que tange a empresa, tanto na imagem da empresa como no seu aspecto econômico, pois ocorrem custos e queda na lucratividade.
Apesar de não ser, ainda, uma prioridade na gestão, os riscos psicossociais no trabalho podem ser prevenidos através de medidas de conscientização sobre satisfação, motivação, estresse, violência, relações interpessoais e assédio no trabalho, bem com através da melhora no clima e na cultura organizacional a fim de proporcionar qualidade de vida no trabalho.
Além disso, é possível que os gestores invistam em melhores condições de trabalho, tanto no aspecto físico da empresa, o qual pode influenciar fortemente na saúde mental dos colaboradores, quanto no aspecto intangível, que se refere à questão do salário, da distribuição de tarefas e da questão do tempo.
O próprio trabalhador também pode contribuir na prevenção dos riscos psicossociais através do modo como age, lida e se comporta com as diversas circunstâncias, tal como busca manter a habilidade social e a inteligência emocional.
Fonte: Blog Segurança do Trabalho